Leslie Aloan, Presidente do INASE
Este artigo descreve um
cenário do que seria a arte da Medicina na Pré História. O termo pré-história
foi originalmente proposto pelo historiador e cientista Britânico Daniel
Wilson, em 1851, (The Archaeology and Prehistoric Annals of Scotland). Nesta obra Wilson definia a pré-história como
o período da história que não deixou documentação escrita. É arbitrariamente
dividida nos períodos Paleolítico e Neolítico.
O Paleolítico caracterizou-se pelo período entre 600.000
e 10.000 anos atrás, chamado de Período da Pedra Lascada. Na pré-história, a população era tanto escassa
como remota. Pequenos grupos de seis a trinta membros vagueavam à cata de
alimentos por áreas imensas. Com a agricultura, no período neolítico, ocorre
uma grande expansão demográfica em torno de 9.000 anos atrás com aumento
significativo da população como de aldeias.
A transição para o período Neolítico deu-se de forma muito gradual entre 15 e 10.000 anos atrás. No final do Neolítico, as espécies abandonaram a pedra polida e passaram a utilizar os metais, principalmente o cobre, caracterizando este período (5000- 4000 anos) como a idade dos Metais. Aparece a escrita. Estava começando a civilização.
As doenças microbiológicas acompanham o homem desde a sua criação. Assim como o homem demorou 5 milhões de anos para se desenvolver a partir do seres primitivos unicelulares, muitos destes seres unicelulares seguiram caminho patogênico a outros animais primitivos e ao próprio homem. O estudo dos ossos do homem da pré- história, apontam que a expectativa de vida à época, era de aproximadamente 30 anos. Interessantemente, todos os relatos também apontam uma expectativa de vida maior para os homens e não para as mulheres, diferentemente dos dias atuais. Atribuiu-se esse achado à maternidade e à desnutrição crônica durante a vida das mulheres, já que o homem caçador tinha preferência na alimentação.
O estudo dos fósseis mostra que o homem pré-histórico estava sujeito às doenças de modo semelhante ao que os homens modernos continuam enfrentando nos dias atuais. A fratura traumática foi uma das patologias mais frequentes. Em algumas delas foram confirmados sinais de infecção no osso traumatizado, a osteomielite, em tudo igual àquela encontrada nos hospitais de hoje. Também foi possível estabelecer a existência de doenças não traumáticas, como a denominada gota das cavernas, uma espécie de reumatismo do homem pré-histórico. A tuberculose óssea na coluna vertebral foi documentada no esqueleto de homem do período Neolítico, em torno de 7.000 anos a.C. , constituindo, sem dúvida, o primeiro exemplar médico de tuberculose óssea.
Perdura a questão da existência do
ritual-mítico ligado à busca das causas e das soluções das doenças. Na gruta de
Trois Fréres, na França, há uma
pintura de um personagem em movimento de dança, datando de mais de 10.000 anos
a.C., travestido de cervo, em atitude que sugere espécie de ritual
médico-mítico, semelhante ao ritual da dança dos bisões, praticado pelos índios
do norte dos Estados Unidos, durante cerimônia simbolizando o poder animal na
cura das doenças.
Durante o Neolítico, entre 10.000
a 7.000 anos a.C., o homem passou a incorporar métodos empíricos no tratamento
das doenças. Estes métodos algumas vezes foram extremamente agressivos, como a
trepanação do crânio, isto é, a abertura da cavidade craniana com o auxilio de
instrumentos suficientemente fortes para cortar os ossos que protegem o
cérebro. É facilmente comprovado que alguns destes homens pré-históricos que
sofreram a craniotomia sobreviveram muito tempo à cirurgia, o suficiente para
favorecer novo crescimento do osso cortado.
Os primeiros seres
humanos já no início do período Paleolítico encontram na magia as respostas
para as suas dúvidas. Os habitantes da
região da serra de Atapuerca já depositavam os cadáveres em um lugar sagrado de
sua caverna, em vez de abandoná-los no campo. Com o morto eram enterrados
animais, comida, as armas e pertences pessoais. Pode-se deduzir, portanto, que
acreditavam em uma vida após a morte e no sobrenatural em torno de 400 mil anos
atrás. Exposições destas peças estiveram no Brasil em 2010.
Na próxima semana falaremos mais especificamente sobre
estas técnicas da época.
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