Leslie Aloan
No Dia que a Organização das Nações Unidas e todo o mundo
chamam a atenção para a Doença de Parkinson (04 de abril - Dia do Parkinsoniano),
valem estas informações.
A Academia Brasileira
de Neurologia (ABN) é a maior e mais importante associação dos neurologistas do
Brasil, foi fundada na cidade do Rio de Janeiro em 5 de maio de 1962 e apresenta
algumas considerações sobre a Doença de Parkinson.
Patologia descrita pela primeira
vez no início do século XIX pelo médico britânico James Parkinson, está entre
os problemas neurológicos mais preponderantes hoje em dia. Pelo menos 4 milhões
de pessoas em todo o mundo têm a doença. Embora mais comum nos idosos, a metade
dos pacientes adquire a doença antes dos 60 anos.
É causada por uma diminuição
intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor (substância química
que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas). A dopamina
ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou
seja, não precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos realizam,
graças à presença dessa substância em nossos cérebros. Na falta dela, o
controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas
característicos.
Com o envelhecimento, todos os
indivíduos saudáveis apresentam morte progressiva das células nervosas que
produzem dopamina. Algumas pessoas, entretanto, perdem essas células num ritmo
muito acelerado e, assim, acabam por manifestar os sintomas da doença.
Embora já sejam conhecidos alguns
genes relacionados com a ocorrência da Doença de Parkinson, ela habitualmente
não é uma doença hereditária.
O quadro clínico basicamente é
composto de quatro sinais principais: tremores; acinesia ou bradicinesia
(lentidão e diminuição dos movimentos voluntários); rigidez (enrijecimento dos
músculos, principalmente no nível das articulações); instabilidade postural
(dificuldades relacionadas ao equilíbrio, com quedas frequentes). Para o
diagnóstico não é necessário entretanto que todos os elementos estejam
presentes, bastando dois dos três primeiros itens citados.
A Doença de Parkinson costuma
instalar-se de forma lenta e progressiva, em geral em torno dos 60 anos de
idade, embora 10% dos casos ocorram antes dos 40 anos. Ela afeta ambos os sexos
e todas as raças. Os sintomas aparecem inicialmente só de um lado do corpo e o
paciente normalmente se queixa que “um lado não consegue acompanhar o outro”. O
tremor é caracteristicamente presente durante o repouso, melhorando quando o
paciente move o membro afetado. Não está, entretanto, presente em todos os pacientes
com Doença de Parkinson, assim como nem todos os indivíduos que apresentam
tremor são portadores de tal enfermidade.
O paciente percebe que os
movimentos com o membro afetado estão mais difíceis, mais vagarosos,
atrapalhando nas tarefas habituais, como escrever (a letra torna-se pequena),
manusear talheres, abotoar roupas. Sente também o lado afetado mais pesado e
mais enrijecido. Esses sintomas pioram de intensidade, afetando inicialmente
outro membro do mesmo lado e, após alguns anos, atingem o outro lado do corpo.
O paciente também pode apresentar sintomas de dificuldade para andar (anda com
passos pequenos) e alterações da fala.
O diagnóstico da Doença de
Parkinson é basicamente clínico, baseado na correta valorização dos sinais e
sintomas descritos. O profissional mais habilitado para tal interpretação é o
médico neurologista, que é capaz de diferenciá-los do que ocorre em outras
doenças neurológicas que também afetam os movimentos. Os exames complementares,
como tomografia cerebral, ressonância magnética etc., servem apenas para
avaliação de outros diagnósticos diferenciais. O exame de tomografia por
emissão de pósitrons (PET-Scan) pode ser utilizado como um programa especial
para o diagnóstico de Doença de Parkinson, mas é, na maioria das vezes, desnecessário,
diante do quadro clínico e evolutivo característico.
A Doença de Parkinson é tratável
e geralmente seus sinais e sintomas respondem de forma satisfatória às
medicações existentes. Esses medicamentos, entretanto, são sintomáticos, ou
seja, eles repõem parcialmente a dopamina que está faltando e, desse modo,
melhoram os sintomas da doença. Há diversos tipos de medicamentos
antiparkinsonianos disponíveis, que devem ser usados em combinações adequadas
para cada paciente e fase de evolução da doença, garantindo, assim, melhor
qualidade de vida e independência ao enfermo.
Também existem técnicas
cirúrgicas para atenuar alguns dos sintomas da Doença de Parkinson, que devem
ser indicadas caso a caso, quando os medicamentos falharem em controlar tais sintomas.
Tratamento adjuvante com fisioterapia e fonoaudiologia é muito recomendado. O
objetivo do tratamento, incluindo medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia,
suporte psicológico e nutricional, é reduzir o prejuízo funcional decorrente da
doença, permitindo que o paciente tenha uma vida independente, com qualidade,
por muitos anos.
Em caso de suspeita desta doença,
consulte o seu neurologista.
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