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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A arte da Medicina ou a Medicina baseada em evidências?

Leslie Aloan, Presidente do INASE

A história da Medicina relata a existência de médicos no Egito, como Imphotep, médico e arquiteto do Rei Zozer que teria vivido em torno de 2.600 a.C., e após a sua morte foi considerado o Deus da Cura.
Estes conhecimentos foram obtidos de papiros que datam principalmente de 1.900 a 1.500 a.C. demonstrando que estes  médicos, por não possuírem o conhecimento das patologias, atribuíam-nas a seres espirituais e o tratamento era feito com o emprego de poções mágicas para afugentar estas entidades. O Deus Bes era o ente solicitado nestas curas. No entanto, o conhecimento avançava como fruto da educação e observação, registrados no famoso papiro Ebers, escrito por volta de 1.500 a.C., e  descoberto em Tebas em 1870. Representa o mais antigo compêndio médico conhecido do Egito, provavelmente da Humanidade.
A palavra medicina vem do latim, ars medicina, que significa arte de curar. No entanto, a definição de arte, desaparece nos grandes dicionários. Houaiss define ”considerada por alguns uma técnica e, por outros, uma ciência”. O Dicionário Oxford da Língua Inglesa define “ciência ou prática do diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças”.
No III Milênio, estará a Medicina como arte realmente ultrapassada? Sucumbiu a tecnologia? Se tornou simplesmente uma coleção de conhecimentos e habilidades de ordem técnica?
Para interpretar estas perguntas e tentar elucidar uma resposta, entendemos que toda arte, não importa em qual dimensão, ou em que tempo, envolve: maestria, individualidade, humanidade.
Maestria envolve mais do que experiência, conhecimento. Maestria representa mais perícia, sabedoria, discernimento. Maestria envolve, ainda, humildade para ouvir, aprender, estudar, questionar e mudar de opinião. Significa erudição, sabedoria, saber, destreza, habilidade, mestria, perfeição, perícia, aptidão, qualificação. Ser mestre na ampla acepção da palavra.
A individualidade e a humanidade, só se entende caminhando juntas, focando com a responsabilidade de alguém que não só decide, mas aplica a maestria, com sentimentos que não aprendeu na Escola Médica. A arte depende dele, de compreender o indivíduo em toda a sua dimensão. Isso não se aprende nos bancos acadêmicos. É intrínseco. É arte.
É uma arte ter a capacidade de extrair a informação mais relevante dentro de um emaranhado de sinais, sintomas e resultados de exames complementares para decisões em relação ao tratamento, levando em consideração a realidade individual de cada paciente.
Isto ultrapassa o conhecimento da Ciência Médica, que fazem parte da rotina de um médico. Desde 1980, quando aconteceu o primeiro estudo cooperativo, e abria o Capítulo da “Medicina baseada em evidências”, que subjugou por décadas a “Medicina baseada em experiências e na arte de tratar”.
Portanto, a combinação de conhecimento, intuição, sensibilidade, compreensão e capacidade de decisão, que define a Arte da Medicina e é tão ou mais importante que uma forte base científica.
Isto se exemplifica pela proporção de médicos envolvidos com a arte.  

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